Você já parou para pensar de onde vêm os animais que vagam pelas ruas do seu bairro e de sua cidade? Em boa parte das vezes, eles são as crias indesejadas de animais que têm dono. Basta um pequeno descuido do proprietário para que uma cadelinha no cio ceda aos encantos do charmoso cachorrão do vizinho. Só que nem sempre esses namoros têm final feliz. Muitos acabam com a rejeição da fêmea prenhe ou dos filhotes, que passam a engrossar as estatísticas sobre bichos abandonados de norte a sul do país.
Animais na rua têm futuro pouco promissor. A grande maioria enfrenta fome, doenças, riscos de atropelamento, envenenamento e violência. Parte deles acaba nos já superlotados abrigos de animais ou em centros de controle de zoonoses (CCZs). Muitos morrem ainda jovens e poucos têm a sorte de ganhar um lar e uma família. E ao contrário do que muitos pensam, animais de raça também são vítimas do abandono.
Castrar é a solução
A medida mais eficiente para controlar o crescimento das populações de cães e gatos é a castração, cirurgia que remove o útero e os ovários das fêmeas e os testículos dos machos. Além de evitar crias indesejadas, a castração também pode trazer diversos benefícios à saúde que aumentam a longevidade do seu animal, seja ele cão ou gato, macho ou fêmea, de raça ou SRD (sem raça definida).
O ideal é castrar machos e fêmeas ainda filhotes, tão logo tenham recebido todas as vacinas - o que ocorre por volta do quarto mês de idade. Quanto mais precoce a castração, maiores são seus benefícios. "Já está provado que os animais não têm nenhum problema por conta da insuficiência hormonal", destaca o médico veterinário Jefferson Garotti (CRMV 6317), da Clinicanis, de São Paulo.
Benefícios para as fêmeas
A castração é uma prevenção efetiva contra doenças que podem colocar a vida das fêmeas em risco. A mais comum é o câncer de mama, desencadeado pela ação dos hormônios femininos a cada cio (período de receptividade sexual que ocorre normalmente a cada seis meses nas cadelas e a cada três meses no caso das gatas).
"Mais de 20% das cadelas desenvolvem o câncer de mama se não forem castradas precocemente. Por quanto mais cios ela passa, maior é a possibilidade de a doença surgir", detalha Garotti.
A castração das fêmeas previne também a pseudociese (gravidez psicológica) e a piometra (uma grave infecção uterina). Além disso, traz ainda a comodidade de evitar manchas de sangue pela casa na época do cio.
Vantagens para os machos
A castração também é benéfica para a saúde dos machos, pois previne o surgimento de doenças como o câncer de próstata e elimina completamente a possibilidade de tumores nos testículos.
Segundo Garotti, o principal benefício da castração dos machos está na prevenção e na melhora de comportamentos associados aos hormônios masculinos, tais como demarcação de território, agressividade por domínio sexual, hipersexualidade ou fugas em busca de parceiras para acasalamento.
Machos castrados antes dos seis meses não desenvolvem comportamentos inconvenientes, como fazer xixi pela casa toda ou simular o ato sexual nas pernas das pessoas.
Após essa idade, a castração ainda traz benefícios, porém, os comportamentos surgidos em decorrência da ação dos hormônios já terão se transformado em hábitos de difícil eliminação. "É impossível mudar a maioria dos comportamentos. O macho que já levanta a perna para fazer xixi vai continuar levantando", exemplifica Garotti.
Mitos da castração
Vivemos numa sociedade machista e muitos homens resistem à idéia da castração dos pets do sexo masculino por acreditarem que eles se tornarão menos machos. "A castração não vai mudar o animal. Ele continuará sendo o que sempre foi", informa o médico veterinário.
Muitos também acreditam que a castração levará o animal à obesidade. Para Garotti, essa é apenas uma meia verdade. "Existe sim a possibilidade de ganho de até 15% de peso em função das mudanças no metabolismo, mas a responsabilidade é do dono que disponibiliza alimento em excesso". Ração light e atividade física bastam para evitar que o animal castrado venha a engordar.
Anestesia e cirurgia
Todo e qualquer procedimento cirúrgico envolve o risco da anestesia, porém, já existe um método anestésico mais seguro. A anestesia inalatória (mistura de gás anestésico com oxigênio) permite o controle constante da dosagem com a rápida resposta do organismo e a significativa redução dos riscos em comparação com os anestésicos injetáveis.
"Outra vantagem da anestesia inalatória é que ela leva o animal a um maior grau de relaxamento, facilitando a intervenção cirúrgica", explica Garotti. No casos das fêmeas, esse maior relaxamento é especialmente positivo, pois permite incisões bem menores para a retirada do útero e dos ovários.
A cirurgia de castração demora cerca de 10 minutos nos machos e aproximadamente 40 minutos nas fêmeas. A maioria dos animais recupera-se em até quatro dias após a operação. Dependendo da técnica utilizada pelo veterinário, a incisão pode ser fechada com pontos plásticos internos que não precisam ser retirados. A outra possibilidade é suturar com pontos comuns, que normalmente são retirados sete dias após a cirurgia, encerra Garotti.
(Por Nanci Corbioli)
http://www.sidneyrezende.com/noticia/21880+castracao+quanto+mais+cedo+melhor
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