Charles é um gatão cinza que circula pelas redondezas da minha casa faz um tempinho.
Eu o alimentava na calçada de casa ou no telhado (eu subia na escada e colocava ração e água pra ele em cima do telhado). Isso durou, acredito que, mais de um ano!
De vez em quando, ele aparecia doente, de vez em quando "sumia", depois voltava melhor. Chegou a engordar um pouquinho, depois ficou doente de novo e começou a emagrecer. Tentei resgatá-lo duas ou três vezes, mas no local que eu o colocava, ele fugia, fazia coisas mirabolantes e "dava no pé"!
Na quarta-feira, dia 11/02/15, ele ficou trancado no sótão da casa de trás, pois teve obra lá e meu amigo pediu para o pedreiro fechar a porta do sótão (verificando antes se não havia gato lá dentro, mas havia e ele não viu!). Ele ficou trancado da tarde de quarta-feira até a noite de quinta-feira, quando dei falta dele pela segunda noite não vindo comer sua ração (ele me esperava chegar do trabalho deitado na grama da praça, sentado na calçada perto do portão, em cima do telhado).
Comecei a pensar e lembrei do sótão que havia sido fechado! Coloquei uma escada, bati na porta pra tentar ouvir algum miado e nada! Consegui abrir a porta, que estava fechada com um arame amarrado nela e na parede e, surpresa! Charles (que ainda se chamava "gato cinza"), apareceu, magro, zonzo, cambaleante! Quase tive um troço! Desci da escada e vim pra casa rápido preparar a comida pra ele (desde que ele apareceu doente ei vinha dando pra ele comer ração com caldo de carne, com frango desfiado ou com sachet). Ele comeu bastante, bebeu água e eu entrei em casa. Quando voltei pra vê-lo, ele havia "sumido". Não apareceu na sexta-feira (que era dia 13) e meu coração apertou...
Pensei: esse gato não pode mais viver desse jeito! E pedi ajuda na Internet para conseguir um gaiolão para colocá-lo. Sábado à noite ele apareceu no portão, miando baixinho, pois estava "todo entupido", pedindo comidinha. Não pensei duas vezes: peguei a gaiola de ferro que tenho e o resgatei! Isso foi dia 14/02/2015, sábado de Carnaval.
Aprendi com amigas a fazer uma gaiola grande e o Fábio me ajudou a montar (por sorte [?] tínhamos telas aramadas, que compramos a mais, para telar a porta e janela do gatil e a porta da sala. Só faltou tela para fazer a porta da gaiola, mas como somos brasileiros, sabemos o real significado positivo do nosso "jeitinho brasileiro" ;) (agora a gaiola está totalmente pronta!).
Magrinho, desidratado, doente, sujo, assim ele chegou. Fiz nebulizações nele com antibiótico e soro por cinco dias e comecei o "tratamento de engorda": ração Matisse com carne ou frango desfiados, ou sachet, ou patê duas vezes ao dia. Ele foi melhorando bastante ao longo dos dias e até ganhou um pouco de peso. Recebeu consulta médica, fez exame de sangue e acusou uma infecção. Já está sendo medicado e fará teste para fiv/felv por esses dias. Ele tem deformação nas patinhas dianteiras e a médica supõe que tenha sido bicheira (que ele mesmo "curou", lambendo!).
Depois de uns dias de resgatado, dei uma boa "rasqueada" nele e fiquei pasma: os pelos deles saíram quase todos, ficando apenas uma penugem que nascia por baixo. Ele ainda fede um pouquinho, ainda está meio sujo e não está totalmente rasqueado, mas não quero estressá-lo, tudo tem seu tempo certo.
Lembro de quando ele apareceu por aqui: arredio, desconfiado, não deixava eu chegar perto, não aceitava carinho. Ficava de longe esperando eu colocar a ração pra ele, comia olhando se eu não me aproximaria e, caso eu me aproximasse, saía correndo. Hoje é um gato manso, não deu trabalho nem pra coletar sangue, adora carinho, todo meigo. Isso não tem preço! Transformar vidas sem esperança, numa vida melhor, com atenção, cuidados e dignidade. Não há dinheiro que pague isso! Não tenho pena de nenhum centavo gasto com eles, pois sei que estou apenas fazendo a minha parte. Como disse Jesus, quando formos ajudar alguém, que escolhamos quem não tenha como nos pagar materialmente.
Há, e antes que alguém pense algo contra, apenas um lembrete: sou eu que trabalho arduamente para ter dinheiro para manter meu projeto! Recebo pequenas e esparsas doações, mas o bruto mesmo, sai do meu bolso. Eu é que sei com o que ou quem devo gastar. E mais ainda: além do meu projeto, quando dá, ajudo outros protetores e contribuo mensalmente com organizações que cuidam de pessoas com câncer, crianças com problemas psico-motores, famílias carentes, creche... E quanto mais eu tiver, mais haverei de ajudar!
O Charles haverá de ficar um lindo gatão cinza, um Príncipe... <3 span=""> 3>
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