No sábado, dia 08 de novembro de 2014, às três pouca da tarde, ouvi os cães latindo muito e olhei na câmera: havia um gatinho branco na rua, em frente ao meu portão.
Fiquei apavorada pensando de algum gato daqui de casa ter saído pela garagem quando o Fábio saiu com o carro... Fui abrir o portão pra ver e, antes de chegar até ele, vi um sialatinha subindo no pé de amêndoas! Tentei chamar para que ele parasse de subir, mas não teve jeito: ele foi subindo, subindo, subindo, cada vez mais assustado com o latido não apenas dos meus cães, mas dos cães da vizinha, que atacam e matam qualquer animal que cair lá! E minha agonia estava só começando...
Imediatamente postei o ocorrido no Facebook, na intenção de pedir ideias de como tirá-lo de lá. Sempre a primeira coisa que nos vem à mente, é chamar os Bombeiros (que raramente atendem esse tipo de chamado), mas, por desencargo de consciência tentei chamá-los. Perguntaram-me se o gato era meu e eu disse que não, que estava abandonado na rua, mas que eu ficaria com ele e quem me atendeu disse que gatos sempre descem sozinhos, blablablá, que se passasse de 48 horas era para eu chamá-los...
Muitas pessoas na Internet se solidarizaram, torceram, deram ideias, mas nada funcionava. Na segunda-feira, depois de fazer mil contatos, consegui uma amiga que tem uma outra amiga que é Bombeiro e que intercedeu por nós no quartel de Campinho (que não é da nossa área). Também me enviaram, pelo Facebook, o telefone do Tony, que é especializado em resgates difíceis. Não dava para eu ligar pro Tony, pois estava na hora de eu ir trabalhar e no trabalho evito resolver assuntos pessoais, pois estou em estágio probatório.
A amiga Cássia fez contato com a Rede Record, contou a história e deu meus dados. Eles pediram que eu fizesse um vídeo, relatando o caso, para analisarem e "talvez" colocarem na programação. Fiz o vídeo, que foi postado também no Facebook e compartilhado por muitos amigos e amigos de amigos (muito obrigada!). Mas a Record até hoje não entrou em contato! :(
Enviei uma mensagem-torpedo e um recado no FB ao Tony, que tem a agenda lotada e nem pode me responder. Muitos outros amigos o "perturbaram", pedindo que me ajudasse. Entretanto, já havia esse contato com os Bombeiros, através de amigos, em andamento (só assim mesmo que a gente consegue um atendimento para um caso não convencional). Cheguei do trabalho as 22 horas e poucos e os Bombeiros chegaram logo em seguida! Fiquei tão feliz! Entretanto, minha alegria tornou-se tormento, ao ver que o carro dos Bombeiros, com uma escada em cima, parecia um brinquedo, tamanha a altura da árvore!!! E foi aí que eles, na maior boa vontade, tiveram uma infeliz ideia: jogar jato de água no gato para ele cair e ser amparado por um plástico (que peguei emprestado com o Rogério, meu vizinho). O pobre gato (que eu pensava ser gata) já havia pego uma chuvarada no sábado à noite e mais um pouco no domingo e ainda levou litros de água em seu corpinho para que caísse. Eu fiquei de costas, tamanha minha aflição. Muito provavelmente, se ele caísse, eles não o pegariam e ele morreria: se caísse no meu telhado, se espatifaria, se caísse na casa da vizinha, os cães dela o comeriam. Pessoas que passavam pela rua no momento, apoiavam e achavam bonito o que estava acontecendo, mas algumas reclamavam "como pobre na chuva", por acharem um absurdo ocupar os Bombeiros para salvar um gato... Um absurdo é a pobreza d'alma deles...
Os Bombeiros desistiram (graças a Deus), me pediram desculpas e se prepararam para ir embora. O Tenente que comandava a operação, me prometeu que no dia seguinte faria o possível para enviar uma equipe novamente para tentar resgatar o "meu" gato (sim, eu inventei uma história de que meu gatinho, recém resgatado havia se assustado quando abrimos a garagem e, com medo dos latidos dos cães, havia subido na árvore - pois só assim os BM se motivariam a tentar salvá-lo!).
Foram embora e a agonia continuou: o gatinho continuava em cima da árvore, com fome, sede, frio, medo... no dia seguinte, fui olhar onde ele estava e vi que ele havia subido mais uns 4 metros! Estava agora a mais de 20 metros do chão! Procurei o telefone do Tony que me haviam passado e liguei pra ele, que foi muito gentil e me fez "um encaixe" em sua agenda. Fui tentar descansar um pouco, pois estava sem dormir e sem comer direito desde sábado e acordei com o Tony me ligando, dizendo que estava no meu portão! Isso já era terça-feira: quase 72 horas que o gatinho estava em cima da árvore!
Tony abriu um pacotinho de ração sachet e soprou... o gatinho ficou doido!Mas tinha medo de descer. A corda do Tony tem 30 metros e ele precisava alcançar o galho da árvore para que a gatoeira fosse até lá. Fui comprar mais 30 metros de corda. Nisso, meu marido e sua mãe, haviam chegado do Hospital, pois ele operou
um dos olhos e foi fazer revisão. Eles ficaram com a gente, torcendo e
ajudando, e o gatinho, sem-vergonha, querendo tomar coragem pra descer. Quando cheguei, o Tony continuou soprando a ração e o gatinho desesperado. Comecei a chamá-lo e ele começou a descer (fiquei passada e engomada, pois o estava chamando toda hora, desde sábado, colocando ração no pé da árvore, e ele não vinha! rs)! Tony e eu brincamos, pois lembrei do "Cumpádi Washington": "desce, ordinária!" :P E ele desceu, desceu, desceu, até chegar numa altura que tirei as primeiras fotos. Mas desse ponto em diante, ele tinha medo de descer e ficou lá, parado, "vem-não-vem".
Rogério e Fábio pegaram a escada da nossa amiga Neusa e colocaram na árvore. Rogério segurando a escada, Fábio (com uma vista tapada) subindo, eu "hipnotizando" o gato com a ração sachet, Tony com o puçá, bloqueando a possibilidade do gatinho subir novamente e Júlia, desesperada, falando pelos cotovelos "ai meu Deus, vai descer, vai cair, pega ele, cuidado Fábio..." hahahahahaha
E o Fábio o agarrou pela nuca! Tony elevou o puçá até o gatinho ficar dentro, eu segurei pra ele não correr e o safadinho foi salvo!!! \0/
O coloquei numa gaiolinha e fu trabalhar, pois estava na hora! No dia seguinte, o levei à consulta, com a Dra. Adriana, médica dos Dignicats. Ela receitou alguns remédios, pois ele está espirrando e soltando catarro amarelo. Um mundo de pulgas e, provavelmente muitos vermes habitavam nele (mas já foram todos pro "caixa-prego", rs).
Ele continua na gaiolinha, em tratamento. Mas quando o solto pra limpar a gaiolinha e colocar ração e água, ele vai na caixa de areia (quando não aguenta, faz na gaiola mesmo, rs). Apenas hoje (13/11 - quinta-feira, fez o primeiro cocozinho, de tanta fome que passou). Tudo normal: xixi, coco e uso da caixa de areia! :)
Hoje tive uma grande surpresa: ao ir pro trabalho, recebi uma ligação telefônica do Tenente que comandou a operação de resgate (frustrada) do Minduim, querendo saber notícias do caso!!! Nossa, como fiquei feliz!!! Contei sobre o Tony, sobre a ida do Minduim à consulta, que será tratado, castrado e doado, que ele pode vir visitá-lo quando quiser e recomendei que eles chamem o Tony quando forem chamados para casos como o meu. Ele pesquisou o perfil do Tony na Internet e eu ofereci os números do telefone dele. Assim que cheguei no trabalho, retornei a ligação e passei os números do Tony, para nenhum gatinho mais receba jato de água para cair da árvore :P (lógico que não falei isso, mas pensei! hahahahaha). Ele foi mega simpático e anotou os números :)
Amanhã o levarei novamente à Dra. Adriana, para fazer o exame de Fiv/Felv (sei lá, meu deu uma cisma, que normalmente não tenho - espero muito que dê tudo negativo! Torçam!). Ele também fará hemograma completo. O detalhe é que dois outros Dignicats estão com problemas e precisaram de consulta, remédios e exames: Silver e Bethovem precisam de ultrassonografia e cistocentese. Ou seja: será uma saída de dinheiro enorme, que não estava prevista! Por isso, peço a todos que amam a causa e tenham condições, que nos ajude com qualquer quantia, pois está mais do que provado: a união faz a força! Quem não pode resgatar, pode ajudar de alguma forma :) Há vários Dignicats aguardando adoção e, enquanto isso, temos que mantê-los com dignidade: ração boa, areia higiênica com farinha de mandioca, jornais, caminhas, consultas, remédios e exames, quando necessários etc. Quem puder ajudar, ficaremos mega agradecidos! :)
E a "gatinha da árvore" que, na verdade, é o "ex-gatinho da árvore", eu o batizei de Minduim, em homenagem ao Charlie Brown, dono do cãozinho Snoopy.
Minduim estará disponível para adoção assim que estiver bem de saúde e for castrado.
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