Florzinha foi abandonada aqui no bairro onde moro, por volta de novembro de 2008. Ela e um amiguinho, cinza e branco, foram deixados nas ruas por uma pessoa sem coração, que abriu o carro e os pôs para fora. Moraram na calçada de um prédio até suas vidas ganharem novo rumo.
Uma protetora conseguiu patrocínio e Florzinha foi castrada num consultório veterinário daqui do bairro. O médico teve uma grande e triste surpresa ao abri-la para a cirurgia: ela já havia sido operada, mas deixaram um ovário e parte do útero. Ficou internada até se recuperar da cirurgia e depois, teve que voltar para rua novamente.
Sempre que eu ia até o local onde ela estava, levava ração para ela e para seu amigo. Os moradores desse prédio colocavam água e ração para eles. Quando ela ficou internada, eu levava para ele. Certo dia em diante, não o vi mais... Há pouco tempo eu soube que ele foi adotado, graças a Deus, mas Florzinha continuava lá no seu cantinho, ao lado da Praça.
Resolvi colocá-la para adoção em meu blog, pois sempre me preocupei com sua vida e integridade física. Orei muito por eles no fim do ano, para que não se assustassem com os fogos e sofressem nenhum acidente; orei por eles sempre que chovia ou fazia frio; orei pelo cinza, para que tivesse encontrado um lar e não ter sido vítima da crueldade humana; orei por Florzinha, antes, durante e depois da Semana Santa, para que nenhum louco a seqüestrasse com o fim de usá-la em ritual macabro.
Com a doação da Lindinha, pensei, pela primeira vez, em pedir um presente de aniversário ao meu marido: dar lar temporário para a Florzinha. Entretanto, no dia nove de abril, pela manhã, ouvi um choro desesperado de um filhote e corri para o quintal: haviam colocado dentro do meu quintal um filhotinho cinza de, no máximo, um mês de vida. Fiquei muito deprimida, não só pela crueldade, audácia e falta de senso de quem fez isso, mas principalmente por ver meu plano de abrigar a Florzinha ir por água a baixo. Á tarde, fui tirar xerox e plastificar um cartaz para colocar no portão, para ver se intimido esses “projetos de gente” a não abandonarem mais na minha casa, nem na praça e soube que naquela manhã deixaram uma caixa de papelão cheia de filhotes em frente à veterinária! Volta e meia esses preguiçosos miseráveis fazem isso! E a Prefeitura do Rio faz castração de graça!!! Gentália miserável que não castra seus animais e joga seu “problema” (os filhotes indefesos) na porta dos outros. Hão de pagar muito caro por isso. Aqui se faz, aqui se paga...
No dia dez, Sexta-feira da Paixão, meu aniversário, quando eu voltava da Paróquia, junto com mais duas pessoas da igreja, mais ou menos às oito e meia da manhã, encontrei um filhote de mais ou menos um mês e meio, encolhido na calçada, tremendo muito de fome e medo. Lembrei-me da “Parábola do Bom Samaritano”, ponderei, chorei interiormente, sabia que “não poderia” recolhê-lo, pois já tenho cinco filhotes para doar, mas como deixá-lo ali na rua para morrer atropelado, de fome, de sede, ser chutado??? Como??? Como eu poderia, depois disso, pregar na igreja que devemos amar a criação e cuidar dela, pois somos mordomos de Deus? Tenho plena consciência que não posso salvar todos os animais do mundo, mas posso me esforçar um pouco para encaminhar ao menos esses casos extremos que passam pelo meu caminho. Aliás, todos podemos, basta ter um pouco de boa vontade e pensar primeiro em agradar a Deus, o Criador de tudo!
Fiquei muito triste, amargurada com esses pseudo seres humanos que abandonam vidas, que matam crianças, que não cuidam da criação. Fiquei com vontade que o mundo se acabasse logo, o mais rápido possível. Foi o pior aniversário da minha vida. Só pensava na Florzinha e pedia a Deus para guardar sua vida naquela Sexta-feira, especialmente.
Na minha família, alguns entenderam meu gesto de recolher os dois filhotes, outros não. Mas não importa, eu fiz o que deveria ter feito!
A Sexta-feira da Paixão e o Sábado de Aleluia são, normalmente para mim, dias muito tristes, por tudo que significam. Dessa vez, foi tudo péssimo. Finalmente a Sexta-feira passou, o Sábado de Aleluia, também passou e chegou o Domingo da Ressurreição. Estive muito ocupada o dia todo com meu trabalho e me alegrei um pouco com dois batismos que realizei, sem contudo, esquecer-me da Florzinha, lá no seu cantinho, aguardando uma chance de ser feliz. Passou também a segunda-feira, sem nenhuma novidade. Conversei com amigas e pedi um contato com uma pet-shop para levar os dois filhotes.
Na terça-feira pela manhã, após voltar da Paróquia, tratei da gataria e comecei meu trabalho no computador. Recebi um recado via Orkut, de uma moça que já adotou um resgatado meu, perguntando sobre a Florzinha. Quase enfartei! Na semana anterior ela havia demonstrado interesse em adotar uma gata que não será colocada para adoção e eu nunca imaginaria que ela fosse “olhar” para a Florzinha. Respondi sua pergunta até com medo de não dar as informações corretas e sem acreditar que aquilo estava acontecendo. Conversa vai, conversa vem, ela me pediu pra fazer um exame de sangue na Florzinha (diga-se, bem caro), para detectar a presença ou ausência de duas terríveis doenças que acometem os gatos, fazendo o depósito do valor do exame diretamente em minha conta bancária. Imediatamente, peguei a caixa de transporte e corri para pegar a gatinha e levei-a ao consultório, onde o exame foi feito. Avisei sobre tudo ao meu marido e trouxe-a para minha casa. Ela ficou em meu escritório, isolada dos demais. Meu Deus, como eu rezei para que o exame desse negativo, pois caso contrário, o que eu faria com ela??? No dia seguinte, nada do resultado, pois o laboratório atrasou. Na quinta-feira, fui no consultório, o laudo havia chegado, mas o doutor estava em cirurgia. Liguei pra lá mais tarde, mas o doutor havia saído para um atendimento em domicílio. Antes de ir pra Paróquia, já às 18h45, eu apelei: liguei pro celular dele! Resultado: Negativo para Vírus da Leucemia Felina (Felv) e negativo para Vírus da Imunodeficiência Felina (Fiv)!!! Virgem Maria, pulei de alegria e rezei agradecendo a Deus por bênção tão grande! Imediatamente telefonei para a adotante dando-lhe a notícia. Ela ficou radiante e marcamos a entrega da Florzinha para sábado, dia 18/04, às 16h.
Resultado: recebi de Deus muito mais do que eu pedi ou poderia imaginar e dou a Ele muitas graças por Ele ter me usado para fazer a diferença na vida dessa princesa tão linda, que agora chama-se Jolie e é irmã dos pequenos Yog, Blade, Viola e Batman.
Glória a Deus nas maiores alturas! Saúde, paz, prosperidade e todas as bênçãos de Deus para a vida e família da nova mãe da Jolie.
Que sejam felizes para sempre!
Josi Saldanha
Dignicats - Proteção e Doação de Animais
Que presentão, hein, Josi? E que gatinha sortuda! ;}
ResponderExcluirBjos!!!
lindo depoimento, Josi!
ResponderExcluirQue Deus continue nos abençoando nessa luta!
Grande beijo!
Elaine
Me emociono demais com isso!
ResponderExcluirQue maravilha ler que a Florizinha (agora Jolie) tem uma familia e melhor ainda: um monte de irmãozinhos!!!
Ah... ela vai ser feliz demais da conta!!!
Beijos, Josi!
Jolie... nome lindo que essa princesa recebeu!
ResponderExcluirGanhou também uma grande família, com irmãos muito amados e uma mamãe maravilhosa!