terça-feira, 24 de novembro de 2015

A demanda é maior que nossas possibilidades! Entenda como funciona nosso trabalho.

Pessoas, esse projeto é mantido por mim, Josi Saldanha, e sou uma "protetora independente" ou o adjetivo mais apropriado, porém menos conhecido: "gateira". É assim que denominamos as pessoas que trabalham "quase sozinhas".

Ás vezes recebemos alguma doação, mas a grande responsabilidade pela manutenção dos resgatados é nossa, é pessoal. Ração de boa qualidade, consultas médicas, remédios, castrações, vacinas (quando dá), testes de Fiv e Felv (quando dá), exames em geral: tudo sai do nosso próprio bolso, pago com nosso salário! Deixamos de gastar com nosso laser, com coisas pessoais, muitas e muitas vezes, para não faltar nada pra eles. Quem é casado(a), às vezes conta com a ajuda do cônjuge, às vezes não. Eu tenho essa "sorte", mas aqui em casa, graças a Deus, não temos isso de "isso eu pago, isso você paga", nosso dinheiro é "um só". Um pouco menos de estresse ajuda muito!

Na grande maioria das vezes, não somos pessoas "de posses", "abastadas", com altos salários. Ao contrário, somos, em grande maioria, assalariados(as), "ralamos" muito para termos o pão de cada dia!

Por isso, se você encontrou um gatinho ou um cachorrinho na rua, pegue, cuide e tente doar para seus amigos! Divulgue na internet! Faça como a gente: faça a sua parte! Protetores sempre estão "lotados" de animais! DESCONFIE de quem não se recusa a aceitar nenhum animal e recebe bichos e mais bichos todos os dias! Se a pessoa não reclama nunca e recebe centenas de animais, caia fora! No mínimo é acumulador(a), no máximo, assassino!

Nós, "protetores", normalmente temos foco (deveria ser assim sempre): temos uma "área de atuação". A minha é aqui no meu bairro, mais especificamente no entorno da minha rua. Dificilmente resgato algum animal de fora daqui. Senão não darei conta! E mesmo fazendo assim, muitas vezes "fechando os olhos" para alguns daqui mesmo, para pedidos de ajuda etc, meu projeto está atualmente com 30 gatos e 5 cachorros.

Muitos desses gatos e, infelizmente, creio que nenhum cachorro, sairá mais daqui, por diversos motivos (mais de cinco anos comigo; adotado e devolvido por não adaptação fora daqui; histórico de doenças que precisam de acompanhamento etc). Imaginem o quanto de dinheiro eu gasto para manter o "padrão de qualidade"? Nem eu mesma sei, não faço somatório pra não me assustar. Mas saibam que é muito!

Nesses oito anos como gateira aprendi muitas coisas. Tive grandes mestras e procurei absorver o máximo de aprendizado com elas. Li (e leio) muito sobre gatos. Ainda consulto minhas amigas e amigos gateiros quando tenho dúvidas, pois o aprendizado é constante e ninguém sabe tudo sobre nada. Médicos veterinários "sofrem" comigo, pois quero saber o fundamento de tudo!

Depois de muita ralação, graças ao Deus do meu coração, consegui algumas parcerias que aliviam um pouco a carga financeira, mas não se iludam: a conta continua alta e os pedidos de ajuda são constantes! Quase cem por cento deles eu não posso ajudar, pois tenho que estar preparada para o imprevisto daqui do entorno da minha casa, como aconteceu hoje: mais um filhote que tive que resgatar.

E agora a noite, fui abrir o portão da garagem para o meu amigo e o que vi: uma gatinha com peitos cheios de leite e faminta! Pior: vi essa gatinha uns poucos meses atrás, bem pequena, talvez uns dois meses, mas muito medrosa, não me deixou nem chegar perto. Colocava ração na calçada pra ela e para um outro, branco, também arisco (mas bem menos que ela), que circula pela rua. Imagino que eles sejam de uma casa da rua ao lado da minha, pois já os vi no muro dessa casa. Aliás, acho que tem "um milhão de gatos" ali! Olha o problema!!! Escutei, daqui do escritório, gritos de briga e corri pra rua pra ver: era o branco (lindo, machucado e sujo) brigando com um tigrado. Possivelmente um deles é o pai dos filhotes dessa gatinha faminta que vi ao abrir o portão e dei ração.

A demanda é muito maior que nossas possibilidades! Não dá pra salvar todos. Eu queria muito resgatar esse branco. Ele lembra meu Floquinho de Neve... mas isso só acontecerá em ultimíssimo caso: gatos daqui sendo adotados ou esse se gato aparecer "estrupiado". Do contrário, ele apenas ganhará um pratinho de ração na calçada... pois é o que dá. Espero muito em Deus que os filhotes dessa gata que eu alimentei agora a noite nunca cruzem meu caminho. E nenhum outro, até que eu consiga doar alguns daqui. Que meus ouvidos não ouçam gritos, que meus olhos não vejam filhotes, doentes, grávidas... Infelizmente, tem que ser assim. Precisa ser assim.



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